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O ANO DO PADRE (I)




Para comemorar o sesquicentenário da páscoa do Santo Cura D’Ars, modelo do padre diocesano, o Papa Bento XVI proclamou Ano Sacerdotal o período que começou com a solenidade do Sagrado Coração de Jesus deste ano (19 de junho) e vai até a mesma solenidade de 2001 (11 de junho). O sacerdócio será, portanto, um dos temas mais recorrentes deste ano. Comecemos pela visão comum do que é o padre.
O sacerdócio não é carreira, não é profissão: é missão, é serviço à comunidade e ao mundo que Jesus veio salvar. Por isso os sacerdotes novos ou velhos encontram-se no mesmo altar, celebrando juntos a mesma Missa, cumprindo a mesma missão, prestando o mesmo serviço de mediadores, que tornam o Cristo presente através dos sinais sagrados.
Isso não impede que haja diferenças entre as pessoas, os ambientes e os tempos. Há. O padre de ontem é diferente do padre de hoje. A começar pelo exterior. Os padres cinqüentenários ou próximos dessa faixa têm um jeito característico de padre. Qualquer pessoa adivinharia estar diante de um padre, ainda que eles estivessem sem batina. Os “padres modernos”, não têm o jeito de padre, mas o jeito de gente comum: são parecidos com os outros homens. Muitos católicos lamentam não poderem mais reconhecer o padre.
Essa postura diferente provém de enfoques diferentes. Antes do Concílio Vaticano II, o padre era visto mais sob o prisma do sagrado: o sacerdote, o homem do altar. Por isso devia manter-se afastado do mundo, da convivência social e até das pessoas. Depois do Vaticano II, o padre não deixa de ser o homem do altar. Mas, antes de subir ao altar, deve anunciar as Boas-Notícias que reúnem e unem os homens, formar a comunidade e conduzi-la ao altar para juntos, sob a presidência do padre, celebrarem a Eucaristia do Senhor.
Nesta visão, o padre não se afasta do mundo nem das pessoas e deve cultivar as virtudes que mais o aproximam dos outros como a cordialidade, a justiça, a compreensão e o diálogo.
Participante mais de perto de uma dura realidade que envolve e sufoca os pequenos, ele percebe que o sofrimento de muitos não depende da bondade ou da maldade de uns poucos, mas é fruto de um sistema de iniqüidade que, no dizer do saudoso Papa João Paulo II, “produz ricos cada vez mais ricos às custas de pobres cada vez mais pobres”.
No passado, a formação no Seminário era quase só intelectual e espiritual. A intelectual sempre foi de excelente qualidade. Ainda hoje as Universidades se beneficiam da boa formação humanística transmitida aos que freqüentaram nossos Seminários. A formação espiritual ressaltou a importância da arcese, da disciplina, acentuou a prática das virtudes teologais e morais, modelou o homem justo, o santo. A pastoral se resumia às aulas de catecismo dadas pelos seminaristas e às atividades religiosas desenvolvidas durante as férias. Formação humano-afetiva e vida comunitária não mereceram atenção especial.
Hoje, a Pastoral é que está – ou deve estar – sendo considerada o eixo da formação presbitéral. Em torno desse eixo, articulam-se as outras dimensões da formação, a saber, a intelectual, a espiritual, a humano-afetiva e a comunitária. A Pastoral comanda o processo e dá sentido e unidade às demais dimensões formativas.
O pastor deve manter unida a comunidade. Ele zela por sua segurança e pela integridade do depósito da fé. O teólogo tem que estabelecer o confronto entre a ação e a palavra de Deus não só a Palavra escrita, mas a palavra viva que está acontecendo diariamente na vida das pessoas e das comunidades.
Aí poderá haver certa tensão, certo descompasso entre o pastor que deve dar segurança na caminhada e o teólogo que perscruta os apelos profundos que nem sempre se mostram visíveis e sensíveis no dia a dia dos acontecimentos. Na união e no respeito recíproco aos distintos carismas, pastores e teólogos fazem avançar a comunidade e a tornam mais capaz de dar as razões de sua fé diante dos irmãos e das irmãs e diante do mundo.
Numa Igreja em formação e em busca, Igreja peregrina, o padre é antes de tudo o homem do culto, mas o homem do Evangelho: o religioso não é o que cuida primordialmente de sua perfeição, mas o animador da fé através de um testemunho vivo. Padres e religiosos têm que estar voltados para a comunidade. Tem que se sentir possuídos de uma vocação verdadeiramente missionária. Ministérios e carismas são dados pelo Espírito e ordenados para o crescimento da comunidade eclesial mais do que para proveito das pessoas ou dos grupos
No parecer de muitos, mesmo fiéis católicos, a Igreja não deveria imiscuir-se em questões sociais. Chegam a invocar como justificativa o texto evangélico: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Acontece que tudo é de Deus e bem pouco cabe, exclusivamente, a César. Tudo o que interessa ao bem-estar do homem interessa a Deus, pois segundo Santo Irineu, “a glória de Deus é o homem pleno de vida”. Não se pode separar corpo e espírito como não se pode reduzir o homem a um de seus componentes como se a matéria fosse apenas o invólucro necessário do espírito.
Nisso, também, o padre de ontem e o de hoje se encontram. Ambos se preocupam com a salvação da alam como com o bem estar material; querem imitar o Santo Cura D’Ars, no seu zelo pela salvação das almas, mas também São João Bosco, São Vicente de Paulo, preocupados em criar melhores condições de vida e de desenvolvimento para crianças e os pobres em geral.
Este é o perfil ideal para o padre de ontem e para o padre de hoje.


* Texto de Dom José Maria Pires

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