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A Pastoral da Criança trabalha com ações que incidem com força sobre as três primeiras causas de morte das crianças menores de um ano

Entrevistada- Drª Zilda Arns
(Liliani Bento-Especial para A Notícia )


Notícia - A senhora fala que é possível dobrar o número de crianças atendidas pela Pastoral da Criança. Mas como despertar nas empresas ou empresários a importância de se colaborar com o projeto?


Zilda Arns - A responsabilidade social está crescendo no Brasil. Ainda falta muito para que as famílias mais pobres sejam beneficiadas, mas valiosas iniciativas já estão sendo discutidas e implantadas. É preciso que todos tenham consciência de que somente com governo, iniciativa privada e organizações sociais trabalhando juntos será possível construir um mundo mais justo e fraterno. É importante que projetos de responsabilidade social façam parte do planejamento de qualquer empresa. Pois, hoje, as experiências mostram que investir em entidades sociais com credibilidade ou desenvolver projetos em benefício da comunidade é uma estratégia importante, que traz credibilidade para a empresa.

AN - Qual a participação efetiva dos governos federal, estadual e municipal no programa? De onde são provenientes os recursos para a Pastoral da Criança?

Zilda - No último ano fiscal da Pastoral da Criança, 59,21% do orçamento vieram do Ministério da Saúde. O Ministério da Educação participou com 1,57%. O maior parceiro privado da entidade é o Programa Criança Esperança (Rede Globo/Unicef), que contribuiu com 12,69% do orçamento da pastoral. Outros 8,15% vieram das companhias de energia elétrica, através de doação por conta telefônica; 10,59% do BNDES, e outras doações provenientes de convênios estaduais, termos de parceria e doações diversas. Os governos estaduais e municipais podem fazer parceria com a Pastoral da Criança, disponibilizando recursos financeiros, materiais ou profissionais. Muitos exemplos positivos já aconteceram neste sentido, fortalecendo a Pastoral da Criança.


AN - Formar voluntários é mais fácil, ou as pessoas também têm dificuldades em doar o seu tempo? Pelo que vimos, todos os anos aumenta o número de voluntários. Como conseguir isso, visto que as pessoas não são remuneradas?

Zilda - Os voluntários da Pastoral da Criança são movidos por fé e vida. É o amor, a solidariedade, a fé cristã que fazem com que cada pessoa se doe ao próximo. Essa experiência é marcante. Você faz o bem e o recebe em dobro. Na Pastoral da Criança, os voluntários são capacitados, acompanhados e participam de reciclagens. Isso é fundamental. O voluntário precisa estar aprendendo constantemente, sendo acompanhado, ter retorno de suas ações, ser valorizado, para se sentir parte de um trabalho que transforma vidas.

AN - Como a senhora se interessou por este tipo de trabalho e como chegou à criação da Pastoral da Criança?

Zilda - Essa história começa em 1982, numa reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), quando o diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Grant, convenceu dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, de que a Igreja do Brasil poderia ajudar a salvar a vida de muitas gestantes e crianças, que morriam de doenças facilmente evitáveis através de ações simples e de baixo custo. Voltando ao Brasil, dom Paulo me falou dessa idéia. Como médica pediatra e sanitarista, já nessa época sentia falta de ações voltadas à prevenção das doenças e à promoção da saúde. Aceitei o desafio e comecei a idealizar um trabalho missionário, onde a mulher e a família seriam nossas parceiras para alcançarmos o objetivo de salvar vidas e prevenir a marginalidade das crianças. Para acompanhar essa ação pastoral, a CNBB designou dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Londrina na época, 1983. Eu e dom Geraldo iniciamos uma experiência na Paróquia de São João Batista, em Florestópolis, que era o município onde mais morriam crianças no Paraná - 127 por cada mil crianças nascidas vivas. Em 1997, já tinha caído para menos de 20 mortes.

AN - Como foi possível a pastoral reduzir a mortalidade das crianças em 21% nos municípios mais pobres do País, gastando apenas R$ 1,00 por criança/mês?

Zilda - Em primeiro lugar, por atender às famílias sem fazer distinção de religião, cor da pele ou opção política. Onde estiver uma família que precise da Pastoral da Criança, lá estará a rede de solidariedade, exercendo a sua missão de levar vida e esperança. Além dessa mística, que dá força interior, que impulsiona o trabalho, está a fidelidade aos objetivos de reduzir a mortalidade infantil, a desnutrição, a violência familiar. Objetivos como esses fazem com que o voluntário não se satisfaça enquanto não alcançar os resultados. A instituição tem um excelente sistema de capacitação e aprendizagem continuada com troca de experiências e desenvolve materiais educativos. Esse sistema não só capta indicadores essenciais para o gerenciamento de acordo com o resultado das ações, mas devolve análises sobre a situação daquela comunidade, indicando as melhores ações e dando estímulos aos líderes comunitários. Nosso trabalho é barato: custa menos que um real por criança ao mês, o que possibilita dar cobertura a um maior número de crianças. A pastoral também procura somar esforços com o governo e a sociedade em objetivos comuns, agilizando as ações.

AN - Mas que ações são desenvolvidas?

Zilda - A Pastoral da Criança trabalha com ações que incidem com força sobre as três primeiras causas de morte das crianças menores de um ano. Somadas, são responsáveis, direta ou indiretamente, por mais de 70% das mortes. A principal causa de mortalidade infantil no País e também nas comunidades acompanhadas pela Pastoral da Criança é a neonatal, que acontece antes de um mês de vida. Para evitar, é fundamental cuidar da nutrição da gestante, garantir acesso, qualidade e humanização no pré-natal, parto e pós-parto. A segunda maior causa são as pneumonias, e a terceira, as diarréias. Para prevenir essas causas é muito importante estimular o aleitamento materno, a educação infantil, as vacinações, o soro caseiro, a pesagem mensal das crianças, a medicina caseira, a educação continuada das mães e famílias pelas visitas domiciliares e reuniões comunitárias. Além dessas ações, a Pastoral da Criança desenvolve outras atividades complementares, como alfabetização de jovens e adultos, promoção da auto-estima, projetos de geração de renda e outros, que estimulam os cuidados com a criança.

AN - A senhora acredita que através de medidas simples (como soro caseiro, remédios fitoterápicos e orientação às gestantes) é possível dar um salto na qualidade de saúde do povo?

Zilda - São medidas como estas que estão salvando vidas em todo o País. Nas comunidades onde atua, com suas ações simples e baratas, a Pastoral da Criança já conseguiu reduzir em mais da metade a mortalidade infantil e a desnutrição. Além disso, essas ações vão além da sobrevivência de crianças porque também buscam a qualidade de vida delas e de suas famílias. Ações como o incentivo ao pré-natal, aleitamento materno, vacinação, alimentação enriquecida, pesagem das crianças na comunidade, visita domiciliar, promoção da cidadania e remédios fitoterápicos trazem economia financeira, aumentam as chances de reduzir o número de doentes, a gravidade e o sofrimento causado por elas. As pessoas precisam conhecê-las e senti-las, apropriar-se delas e utilizá-las. Assim, todo o trabalho da Pastoral da Criança busca integrar a comunidade porque, orientada e consciente, ela tem mais chances de aplicar esses conhecimentos e garantir uma vida saudável para todos.

AN - Como a senhora se sente hoje vendo que esse programa está ajudando não só crianças brasileiras, mas de vários outros países?

Zilda - Sinto-me muito realizada, mas ao mesmo tempo também muito responsável. Temos a responsabilidade de ajudar outros países a se organizar para que alcancem os resultados que temos no Brasil. O programa já foi implantado em vários países, mas nenhum chegou perto dos resultados do Brasil. Um que está no caminho é a Angola, que já tem 10 mil crianças sendo atendidas, e o governo tem incentivado. Mas esse é um trabalho longo, pois, em alguns países, falta apoio tanto do governo quanto da iniciativa privada.

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