Padre Carlinhos entrevista hoje, às 17h, no programa A Luz (TCM-CANAL 10) o seminarista Alison Moura.
“QUANDO UM JOVEM SAI DE SUA CASA PARA SERVIR A CRISTO, O PRÓPRIO CRISTO OCUPA O LUGAR DELE NA SUA CASA” (Dom Bosco)
É com alegria que partilho com vocês um pouco da minha experiência vocacional durante esses 07 anos no seminário santa Teresinha.
No dia 12 de fevereiro de 2005, eu fui acolhido pelo pe. Talvacy. Naquele dia foi para mim muito marcante, pois, apesar de me sentir chamado a ser padre, tinha medo, medo de deixar minha casa, minha família, meus amigos, porém o chamado de Deus foi mais forte e eu resolvi fazer uma experiência. Confesso que não esperava permanecer no seminário por muito tempo, pois pensava em ser religioso, isto é, entrar para uma congregação religiosa. Depois de um ano de vivência e convivência, mesmo com todas as dificuldades resolvi permanecer mais um ano.
Naquele ano éramos 13 seminaristas. Daquela turma muitos saíram do seminário outros foram fazer outras experiências vocacionais em congregações religiosas, um é diácono e outro já é padre restando somente dois além de mim.
Durante esses sete anos vivi muitos momentos difíceis, como por exemplo, quando fui reprovado no vestibular, aquele dia foi muito difícil para mim, pois a princípio vi meu sonho de ser padre ir por água a baixo. Confesso a vocês que não consegui dormir naquela noite em que recebi o resultado do vestibular. Mas, houveram também momentos de grande alegria, como por exemplo, as festas, os momentos de lazer nas sextas-feiras, as dinâmicas, os momentos de lazer de fim de ano, em fim a convivência, as brincadeiras e também quando fui aprovado no vestibular para filosofia.
Hoje eu agradeço a Deus ter me chamado para ser padre, sou muito feliz. Apesar dos desafios que a vida sacerdotal apresenta, não me arrependi de ter dado o meu sim a Cristo e a Igreja.
Aquela frase de Dom Bosco aconteceu de fato na minha vida, graças a Deus o senhor ocupou o meu lugar na minha casa, tudo aquilo que eu sonhava para minha família, como por exemplo, que todos participassem de modo ativo e consciente da caminhada cristã, o Senhor realizou. Hoje todos estão contribuindo ativamente para a construção do reino de Deus na comunidade de Santo Antonio (Mossoró/RN). Quanto ao medo que tinha, como falei acima, o Senhor veio suprir tanto na minha vida, como na vida dos meus amigos e familiares.
Hoje, sete anos depois, aquele jovem que tinha medo de deixar sua casa e seus amigos, para ir ao seminário, esta em Roma, fazendo mestrado em Filosofia.
O Senhor nos faz caminhar por caminhos nunca vistos, pois não estava nos meus planos vim para Roma, na verdade, nunca passou pela minha cabeça que um dia pudesse estudar aqui, pois, para começo de conversa sempre questionei a formação sobre o porque da necessidade de se estudar filosofia para ser padre. Durante os quatro anos que estudei filosofia na UERN, sempre fui aquele aluno que estudava somente para passar de ano já que, a filosofia para mim não tinha sentido algum. Na verdade via aqueles que estudavam filosofia como um bando de loucos, de desocupados, etc. Contudo, com o passar dos anos fui percebendo o quando ela é importante para nos fazer compreender a vida de modo mais humano, pois nos ajuda a pensar sobre nossas ações, nos ajuda a enxergar além, nos ajuda, juntamente com a fé orientar a nossa vida na busca do fim ultimo de todo ser humano. Hoje reconheço, vale a pena estudar filosofia.
Sai do Brasil no dia 08 de Agosto de 2011, e chegue em Roma no dia 09. Além de mim, outros três seminaristas, 2 da diocese de Natal e 1 da diocese de Caicó. O primeiro desafio enfrentado foi o Avião, pois confesso que não sabia o que pensar, pois estava com o coração dividido entre a expectativa da viagem, a saudade do meu povo, da minha terra, e mil e uma lembranças sobre viagem de avião que não deram certo, porem, eu precisava vencer o medo. Não foi fácil deixar tudo, pois sabia que essa partida não era igual às outras, como sempre aconteceu durante os seis anos de casa para o seminário. Contudo eu precisava ser forte, e confiar em Deus, precisava ser fiel mais do que nunca ao sim que dei a Cristo.
Colégio internacional Maria Mater Ecclesiae.
Quando cheguei em Roma, confesso que não acreditava. Era por volta de 19h quando deixei o avião. Logo que pegamos as malas, um padre do colégio, juntamente com Cornélio estava nos esperando. Quando chegamos ao seminário nossa primeira ação foi agradecer ao Senhor por tudo, pela viagem e também por essa grande oportunidade que ele nos dava de estar em Roma. No dia seguinte, todos fomos ao vaticano, pois essa era a nossa maior curiosidade.
Depois de alguns dias de folga para a adaptação ao fuso horário, iniciamos os estudos de italiano. Juntamente com os estudos iniciamos o curso propedêutico, e na última semana de setembro os exercícios espirituais, e logo em seguida, iniciamos as aulas no Ateneo Pontificio Regina Apostolórum.
Para mim tem sido, até hoje, uma experiência muito rica, no mínimo por três motivos: primeiro porque estou experimentando o que é deixar minha casa e seguir Jesus, já que, como falei a cima essa é minha primeira experiência, digamos, mais forte de deixar casa, pai, mãe como pede o evangelho. Em segundo lugar, o fato de está em Roma nos proporciona uma nova visão de mundo, e da própria Igreja, pois se pode sentir a sua universalidade. Aqui mesmo no colégio, por exemplo, tem seminaristas de todos os continentes. É lindo ver a universalidade da Igreja. O que me encanta aqui no colégio é quando rezamos o terço, cada um na sua língua. E em terceiro, a experiência que fazemos de estar no coração da Igreja. Uma das coisas que mais me encanta é quando participamos de alguma celebração com o Santo Padre, e durante a celebração todos se reúnem em torno de um só objetivo. Não existe distinção de raça, cor, etc. nos sentimos todos como irmãos. Cada um na sua própria língua expressa a sua gratidão a Cristo e a Igreja. É um verdadeiro pentecostes.
Diante de tudo isso, sou muito grato primeiramente a Deus e depois a Igreja de Mossoró pela confiança. Sei da responsabilidade que me espera na Diocese, porém, confio na graça de Deus que assim como realizou grandes coisas em Maria realiza também na nossa vida, basta crer.
Sou grato acima de tudo pelo o dom da vocação. Espero poder contribuir o mais possível com a Igreja, não só de Mossoró, mas do mundo inteiro, pois vale a pena deixar tudo para seguir JESUS.
Fonte: seminariost.blogspot.com.b