Um dos momentos marcantes da visita foi a benção ecumênica dada por Francisco e Bartolomeu I / Foto: Reprodução CTV
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia. Mas, não parece tanto um dom dia, é um pouco ruim… Mas vocês são corajosos e, para um dia ruim, uma boa face, e vamos adiante!
Hoje quero partilhar com vocês algumas coisas da minha peregrinação à Turquia de sexta-feira passada a domingo. Como havia pedido para prepará-la e acompanhá-la com a oração, agora vos convido a dar graças ao Senhor por sua realização e para que possa dar frutos de diálogo seja nas nossas relações com os irmãos ortodoxos, seja com os muçulmanos, seja no caminho rumo à paz entre os povos. Sinto, em primeiro lugar, dever renovar a expressão do meu reconhecimento ao presidente da república turca, ao primeiro-ministro, ao presidente para os Assuntos Religiosos e a outras autoridades, que me acolheram com respeito e garantiram a boa ordem dos eventos. Isto requer trabalho e eles fizeram isto de bom grado. Agradeço fraternalmente aos bispos da Igreja católica na Turquia, ao presidente da conferência episcopal, tão bom, e agradeço pelo empenho às comunidades católicas, bem como agradeço ao Patriarca Ecumênico, Sua Santidade Bartolomeu I pelo cordial acolhimento. O beato Paulo VI e São João Paulo II, que foram ambos à Turquia, e São João XXIII, que foi Delegado Apostólico naquela nação, protegeram do céu a minha peregrinação, ocorrida oito anos depois daquela do meu predecessor, Bento XVI. Aquela terra é querida por todo cristão, especialmente por ter sido o local de nascimento do apóstolo Paulo, por ter sediado os primeiros sete Concílios e pela presença, próximo a Éfeso, da “casa de Maria”. A tradição nos diz que ali viveu Nossa Senhora, depois da vinda do Espírito Santo.
No primeiro dia da viagem apostólica, saudei as autoridades do país, a larguíssima maioria muçulmanos, mas em cuja Constituição se afirma a laicidade do Estado. E com as autoridades, falamos da violência. É justamente o esquecimento de Deus, e não a sua glorificação, a gerar a violência. Por isso insisti na importância de que cristãos e muçulmanos se empenhem juntos para a solidariedade, para a paz e a justiça, afirmando que todo Estado deve assegurar aos cidadãos e às comunidades religiosas uma liberdade de culto.
Hoje, antes de ir saudar os doentes, estive com um grupo de cristãos e islâmicos que fazem uma reunião organizada pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, sob a condução do Cardeal Tauran, e também eles expressaram este desejo de continuar neste diálogo fraterno entre católicos, cristãos e islâmicos.
No segundo dia, visitei alguns lugares-símbolo das diversas confissões religiosas presentes na Turquia. Fiz isso sentindo no coração a invocação ao Senhor, Deus do céu e da terra, Pai misericordioso de toda a humanidade. Centro do dia foi a celebração eucarística que viu reunidos na catedral pastores e fiéis dos diversos ritos católicos presentes na Turquia. Também participaram o Patriarca Ecumênico, o Vigário Patriarcal Armeno Apostólico, o Metropolita Siro-Ortodoxo e representantes protestantes. Juntos invocamos o Espírto Santo, Aquele que faz a unidade da Igreja: unidade na fé, unidade na caridade, unidade na coesão interior. O povo de Deus, na riqueza das suas tradições e articulações, é chamado a deixar-se guiar pelo Espírito Santo em atitude constante de abertura, de docilidade e de obediência. No nosso caminho de diálogo ecumênico e também da nossa unidade, da nossa Igreja católica, Aquele que faz tudo é o Espírito Santo. Cabe a nós deixá-lo fazer, acolhê-Lo e seguir as suas inspirações.
O terceiro e último dia, festa de Santo André Apóstolo, ofereceu o contexto ideal para consolidar as relações fraternas entre o Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, e o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, sucessor do apóstolo André, irmão de Simão Pedro, que fundou aquela Igreja. Renovei com Sua Santidade Bartolomeu I o empenho recíproco em prosseguir no caminho rumo o restabelecimento da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Juntos assinamos uma declaração conjunta, mais uma etapa deste caminho. Foi particularmente significativo que este ato tenha acontecido ao término da solene liturgia da festa de Santo André, da qual participei com grande alegria e que foi seguida da dupla benção concedida pelo Patriarca de Constantinopla e pelo Bispo de Roma. A oração, de fato, é a base para todo frutuoso diálogo ecumênico sob a guia do Espírito Santo que, como disse, é Aquele que faz a unidade.
Último encontro – este foi belo e também doloroso – foi aquele com um grupo de jovens refugiados, assistidos pelos salesianos. Era muito importante para mim encontrar alguns refugiados das zonas de guerra do Oriente Médio, seja para exprimir a eles a proximidade minha e da Igreja, seja para destacar o valor do acolhimento, em que a Turquia tem se empenhado muito. Agradeço uma vez mais à Turquia por este acolhimento de tantos refugiados e agradeço de coração aos salesianos de Istambul. Esses salesianos trabalham com refugiados, são bons! Encontrei também outros padres e um jesuíta alemães e outros que trabalham com os refugiados, mas aquele oratório salesiano dos refugiados é uma coisa bela, é um trabalho escondido. Agradeço tanto a todas as pessoas que trabalham com os refugiados. E rezemos por todos os refugiados e para que sejam removidas as causas dessa dolorosa chaga.
Queridos irmãos e irmãs, Deus onipotente e misericordioso continue a proteger o povo turco, os seus governantes e os representantes das diversas religiões. Possam construir juntos um futuro de paz, de forma que a Turquia possa representar um lugar de pacífica coexistência entre religiões e culturas diversas. Rezemos, além disso, para que, por intercessão da Virgem Maria, o Espírito Santo torne fecunda esta viagem apostólica e favoreça na Igreja o fervor missionário, para anunciar a todos os povos, no respeito e no diálogo fraterno, que o Senhor Jesus é verdade, paz e amor. Somente Ele é o Senhor.
Fonte: Rádio Vaticano