Meus irmãos e minhas irmãs, estamos nos aproximando de um
momento importante em nosso país, que interfere diretamente na vida pessoal e
coletiva de toda a sociedade brasileira, as eleições para os cargos
majoritários no executivo e legislativo. Sabemos todos da grave crise ética que
assola o país, ameaçando a democracia, fragilizando as instituições, gerando
assim um descrédito generalizado na política e nos políticos. Como consequência danosa percebemos um
divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira.
Diante da grave situação em que nos encontramos, precisamos,
como cristãos, agir de maneira consciente por meio de uma participação efetiva
não apenas no período eleitoral, mas cotidianamente. Um autêntico cristão é,
por sua vez, um autêntico cidadão, agente da transformação social, comprometido
com o reto progresso da nação, considerando que o Evangelho tem implicações
sociais e, como nos diz S. Tiago, " a fé sem obras é morta" (Tg 2,
14-26). As implicações políticas da fé
não podem ser negligenciadas sob o risco de pecarmos por omissão, não
cooperando com Deus na edificação do seu Reino, por meio de uma participação
ativa na vida política. Devemos assumir, cada um ao modo próprio de sua vida, o
"protagonismo das mudanças que o Brasil precisa". No documento de Aparecida n° 395, vemos que a
Igreja se sente "chamada a ser advogada da justiça e defensora dos pobres,
diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao
céu". Ainda nos adverte o Papa Francisco:
"como é possível que os católicos sejam bastante irrelevantes no
cenário político ou até equiparados com uma lógica mundana?" (Papa
Francisco aos políticos latino-americanos - 2017). Eis então, irmãos e irmãs, a importância neste
momento de um "voto consciente", como consequência de um
discernimento crítico da nossa consciência frente ao desafio de sermos
protagonistas neste processo.
Desafiados a uma participação crítica no processo eleitoral
por meio de um voto consciente, lúcido, não deixemos passar a oportunidade de
fazer valer a força de nossa fé no sentido de sermos um sinal de esperança e
cooperadores das transformações sociais necessárias em vista de uma sociedade
justa, pacífica e solidária. Somos "alegres por causa da esperança" e
nesta esperança saiamos de casa para exercer nossa cidadania e tornar nossa fé
ativa e consequente.
Dom Mariano Manzana
Bispo Diocesano
Jornal A Luz/outubro/2018