O evangelho que a liturgia propõe neste Domingo de Páscoa é João 20,1-9. Ao invés de ser um relato da ressurreição, esse é na verdade um relato do “sepulcro encontrado vazio” , pois a ressurreição é indescritível. Ao contrário da paixão e da morte de Jesus, as quais são descritas minuciosamente pelos evangelhos, nenhuma descrição da ressurreição é feita, o que pode parecer estranho, considerando que é a ressurreição o evento fundante do cristianismo e, por isso, o centro da fé cristã. Foi exatamente em função da ressurreição que os evangelhos foram escritos e, mesmo assim, seus autores não conseguiram descrevê-la. O texto que a liturgia propõe para hoje, Jo 20,1-9, é apenas a introdução daquilo que o Quarto Evangelho dedica à ressurreição, sem no entanto descrevê-la: a descoberta do sepulcro vazio, o que pode significar muita coisa ou quase nada, a depender de quem faz a constatação. Três personagens entram em cena nesse texto: Maria Madalena, Simão Pedro e o Discípulo amado