Recentemente, o economista e físico Mohan Munasinghe, vencedor do Prêmio Nobel 2007, denunciou em uma entrevista a um jornal de grande circulação o quanto, muitos líderes mundiais tem se preocupado tanto com as questões financeiras e que tem se omitido nos graves problemas sociais e ambientais que afetam a população em todo o globo.
Enquanto mais de dois bilhões de pessoas passam fome no mundo, problema cujos recursos de enfrentamento não passam de cem milhões de dólares, cinco trilhões de dólares são gastos para evitar a quebradeira de bancos e financeiras e mais de um trilhão e meio de dólares são investidos na guerra, em fabricação de armas.
Vivemos um tempo difícil de entender sua lógica. Os homens têm sido indiferentes para com seus semelhantes, em razão da cobiça, da busca pelo sucesso egoísta e ateu. Têm banalizado a violência, exterminado seus irmãos em nome do progresso, destruído o planeta por um desenvolvimento que não vê nada à sua frente, cego ao sofrimento e à miséria de tantos.
Ganhamos em conforto, expectativa de vida e tecnologia, mas esta fatura tem sido muito alta para pagar.
Há ainda muitos homens e mulheres para os quais o progresso não conseguiu resolver problemas básicos de saúde, muitos lugares com graves problemas sociais. Chegamos aos sete bilhões de habitantes na terra, mas os cientistas afirmam que daqui a menos de duas décadas vamos precisar de mais uma Terra, para receber o lixo que produzimos e atender ao apetite insaciável do consumo humano.
Avançamos para o espaço, investimos em tecnologia de ponta, em comunicação via satélite, contudo, não conseguimos, muitas vezes, colocar comida no prato de tanta gente. Não conseguimos frear o avanço da droga, este mal que invade famílias sem distinção e que banalizou a violência, capilarizou o ódio e a vingança.
Nosso país é uma das dez maiores economias do planeta, contudo, mais de dezesseis milhões de brasileiros vivem com menos de setenta reais por mês. Ainda somos um país de desigualdades sociais e de corrupção, que desvia milhões de reais das verbas públicas para os bolsos individuais.
Por isso, penso que após vivermos um Círio tão belo e eloqüente em nosso coração, precisamos cultivar a alegria de ser católico, as expressões do nosso amor a Maria e a Jesus em gestos concretos de participação na vida da comunidade, de anúncio da Boa Nova e auxílio aos nossos irmãos que sofrem. Além do quê, vivendo a Palavra, a partilha e a caridade.
A intensa evangelização que aconteceu não pode parar, precisamos continuar nossa missão como cristãos católicos, experimentar sempre mais este amor. E isto se dá por meio do engajamento na vida da Igreja, da partilha do dízimo, da participação em projetos da nossa Igreja.
Leno Carmo (lenocarmo@yahoo.com.br)
O autor é Pedagogo, Pós Graduado em Teologia, Mestre em Educação e membro do Conselho Arquidiocesano do ECC Belém