Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília-DF, de 7 a 9 de março, saudamos todas as mulheres pela celebração do Dia Internacional da Mulher. Alegra-nos perceber que, cada dia mais, cresce a consciência da dignidade da mulher e de sua específica contribuição na construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária.
Esta data histórica nos convida, antes de tudo, a agradecer às mulheres por sua vocação e missão na Igreja e no mundo.
Servimo-nos, assim, da Carta às Mulheres, do Beato João Paulo II, para dizer nosso obrigado à mulher-mãe, que se faz ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única e que se torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz; à mulher-esposa, que une o seu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida; à mulher-filha e mulher-irmã, que levam ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da sua sensibilidade, intuição, generosidade e constância; à mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, econômica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dá à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento, à edificação de estruturas econômicas e políticas mais ricas de humanidade; à mulher-consagrada, que se abre com docilidade e fidelidade ao amor de Deus; à mulher, pelo simples fato de ser mulher que, com a percepção que é própria da sua feminilidade, enriquece a compreensão do mundo e contribui para a verdade plena das relações humanas (cf. Carta às Mulheres. João Paulo II, 1995).
Nosso agradecimento se estende também às mulheres cuja presença e atuação marcam fortemente a vida da nossa Igreja. Sua vocação evangelizadora, vivida no exercício dos vários ministérios, é fundamental à Igreja no desempenho de sua missão de tornar presente entre nós o Reino de Deus.
O Dia Internacional da Mulher nos conclama, ainda, a aplaudir as mulheres por suas conquistas ao longo de uma história marcada pela discriminação e pelo preconceito. É cada vez mais forte sua presença na família, no mundo do trabalho, na ciência, na educação, na política, na Igreja e na sociedade. Somos testemunhas do papel decisivo da mulher no processo da redemocratização do País. Não sem razão, comemoramos em 2012 os 80 anos do voto feminino, uma conquista histórica.
Apesar dos grandes avanços obtidos pelas mulheres, o Dia 8 de março continua a ser uma data para recordar e denunciar as inúmeras situações de violação de seus direitos e de sua dignidade. Milhares delas são vitimas da discriminação, do desrespeito étnico-cultural, do tráfico para exploração sexual e laboral e de inúmeras outras formas de violência. Para muitas, o lar, lugar sagrado de proteção, converteu-se em espaço de dor e sofrimento. A Lei Maria da Penha é outra vitória das mulheres, que vem combater esta violência doméstica de que são vítimas.
Neste contexto, a CNBB reafirma o apelo do Documento de Aparecida: “É urgente escutar o clamor, muitas vezes silenciado, de mulheres que são submetidas a muitas maneiras de exclusão e violências em todas as suas formas e em todas as etapas de suas vidas” (Documento de Aparecida n. 454).
Que Maria, modelo de mulher, seja sempre inspiração para todas as mulheres na vivência de sua vocação ao amor e ao cuidado da vida, em todas as suas dimensões, lutando por uma sociedade igualitária, de fraternidade e de paz.
Brasília – DF, 8 de março de 2012
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB