Hoje, dia de reverenciar Santa Luzia, padroeira dos olhos e dos mossoroenses, a coluna pede permissão ao leitor para republicar artigo que escrevemos na última edição da revista Contexto. Uma viagem ao tempo, de recordação, trazendo para os mais jovens a intensidade da Festa de Santa Luzia, a sua importância e como ela marcou a vida de gerações.
Então, leia, mais uma vez, nossa lembrança da maior festa religiosa do interior do Rio Grande do Norte:
“Ainda adolescente, motivado pela formação religiosa de Dona Cristina e Seu Teobaldo, esperava o ano inteiro pela Festa de Santa Luzia. Do rito religioso às atividades sociais – mistura do religioso com o profano –, era o melhor período do ano, já de férias da Escola Estadual Moreira Dias, no bairro Doze Anos.
Naquela época, sem a necessidade de “heróis” ou “heroínas” da educação, cumpria-se rigorosamente o calendário letivo. Na sala de aula, o compromisso firmado com os colegas para o encontro na Catedral ou na “Praça da Rádio Rural” (Vigário Antônio Joaquim).
Todos devotos da santa padroeira.
Roupa nova, comprada com meses de antecedência, mas guardada para o grande momento, era finalmente tirada do baú, já cheirando a naftalina, mas que dava um “charme” especial para as dez noites de festa. A noite começava com a novena. Igreja lotada.
Depois, descia os degraus da Catedral de Santa Luzia para um giro na área das barraquinhas instaladas ao redor do Mercado Público Central, que hoje recebe o nome de Mercado Público Manoel Teobaldo dos Santos, meu Pai. Os jogos de “azar”, como o bazar de seu Antônio Bedel, eram tão inocentes quanto divertidos. Eu não arriscava nada, pois os trocados no bolso eram para a merenda na volta para casa.
Em seguida, o passeio pela Vigário Antônio Joaquim, onde dividia a atenção entre a paquera inocente e o show da Rádio Rural (990kHz), com os radialistas Seu Mané e Duarte Neto e a música da hora do The Pop Som, depois Elo Musical, dos irmãos Hubener e Pirrita.
A disputa pela “A Mais Bela Voz” era um capítulo à parte, maravilhoso; e a procissão de 13 de dezembro, com um mar de gente, um esplendor.
Lembranças vivas de um passado que não volta nunca mais, porém alimenta o espírito da devoção à Santa dos Olhos, que serve para aceitar – e entender – as mudanças de hoje na festa da padroeira dos mossoroenses.
O sentimento de amor, fé e gratidão permanece intocável e ainda ecoado pela voz do padre Américo: “Mossoró, com alegria, saúda Santa Luzia.”
Fonte: Jornal de Fato