A primeira vez que falaram na construção da transposição do Rio São Francisco foi no ano de 1847. De lá pra cá muitos governos projetaram e prometeram, porém, sua execução de fato só começou em 2008. Agora é pra valer, conforme documenta as fotos abaixo, ele está vindo ao nosso encontro. Mais de 80% da obra está concluída, próximo ano despeja água na bacia de Assú, disse o chefe da obra.
O boato midiático de que a obra da transposição está parada é mito; de que as calhas estão abandonadas, mito também; de que a obra é um projeto sem gestão, sem equipes técnicas altamente qualificadas para a execução, mito maior ainda. Muitos outros mitos foram destruídos nesta semana ao visitar o longo percurso da transposição, saindo da barragem Armando Ribeiro ( Itajá-RN) até a estação de bombeamento do eixo norte, ao lado do Rio São Francisco.
A iniciativa da visita, batizada pelo nome de “caravana socioambiental”, foram dos três bispos do Estado do RN, Dom Jaime, Dom Antonio e Dom Mariano. Em seguida a Igreja estendeu o convite a vários órgãos da sociedade e do Estado para gritarmos juntos na defesa da transposição das águas pro povo nordestino, que há séculos sonha com a chegada do velho Chico.
Foi uma proposta ousada e louvável. Creio que cada um que vivenciou esses dias saiu fortalecido e animado na defesa e na luta em prol da transposição justa e igualitária da água do velho Chico. Particularmente, saio esperançoso e, ao mesmo tempo, com muitos questionamentos, sobretudo, depois de visto e ouvido os representantes das comunidades quilombolas, e de ter visitado algumas famílias assentadas nas vilas produtivas construídas ao longo da transposição.
Percebo claramente que a luta não acaba com a transposição das águas. Ao contrário, a luta precisa ser mais fortalecida depois da transposição porque aumentam os desafios, por exemplo:
- quem mais terá acesso à água da transposição? O agronegócio que banhará os leitos dos rios com venenos usados nas plantações ou o povo nordestino que há séculos sofre com a falta d’água, causando a morte de milhões?
- Quem vai garantir a sustentabilidade das vilas construídas ao longo da transposição, para evitar que em breve essas vilas sejam esquecidas e virem ilhas de miséria e descaso público?
- Quem e como farão a fiscalização das águas da transposição até a sua última estação?
- Eu, do Venha-Ver, quando teremos água da transposição na linha que liga a barragem de Santa Cruz, passando por Pau dos Ferros?
- O volume de água que sai do rio São Francisco para o sertão nordestino é de menos de 2 por cento da sua vazão. Mesmo assim, se não houver uma política de preservação do Rio São Francisco, obviamente morrerá. Lamentável não ter ouvido dos técnicos da obra nenhuma preocupação por políticas de preservação do velho Chico.
Enfim, esperança, alegria e muitos outros questionamentos me acompanham após conhecer de perto o projeto da transposição do velho Chico.
Que o Pai de bondade, pela intercessão de São Francisco, abençoe a conclusão e a gestão desta magna obra, feita para promover, em primeiro lugar, a dignidade e a qualidade de vida do nosso povo nordestino.
O boato midiático de que a obra da transposição está parada é mito; de que as calhas estão abandonadas, mito também; de que a obra é um projeto sem gestão, sem equipes técnicas altamente qualificadas para a execução, mito maior ainda. Muitos outros mitos foram destruídos nesta semana ao visitar o longo percurso da transposição, saindo da barragem Armando Ribeiro ( Itajá-RN) até a estação de bombeamento do eixo norte, ao lado do Rio São Francisco.
A iniciativa da visita, batizada pelo nome de “caravana socioambiental”, foram dos três bispos do Estado do RN, Dom Jaime, Dom Antonio e Dom Mariano. Em seguida a Igreja estendeu o convite a vários órgãos da sociedade e do Estado para gritarmos juntos na defesa da transposição das águas pro povo nordestino, que há séculos sonha com a chegada do velho Chico.
Foi uma proposta ousada e louvável. Creio que cada um que vivenciou esses dias saiu fortalecido e animado na defesa e na luta em prol da transposição justa e igualitária da água do velho Chico. Particularmente, saio esperançoso e, ao mesmo tempo, com muitos questionamentos, sobretudo, depois de visto e ouvido os representantes das comunidades quilombolas, e de ter visitado algumas famílias assentadas nas vilas produtivas construídas ao longo da transposição.
Percebo claramente que a luta não acaba com a transposição das águas. Ao contrário, a luta precisa ser mais fortalecida depois da transposição porque aumentam os desafios, por exemplo:
- quem mais terá acesso à água da transposição? O agronegócio que banhará os leitos dos rios com venenos usados nas plantações ou o povo nordestino que há séculos sofre com a falta d’água, causando a morte de milhões?
- Quem vai garantir a sustentabilidade das vilas construídas ao longo da transposição, para evitar que em breve essas vilas sejam esquecidas e virem ilhas de miséria e descaso público?
- Quem e como farão a fiscalização das águas da transposição até a sua última estação?
- Eu, do Venha-Ver, quando teremos água da transposição na linha que liga a barragem de Santa Cruz, passando por Pau dos Ferros?
- O volume de água que sai do rio São Francisco para o sertão nordestino é de menos de 2 por cento da sua vazão. Mesmo assim, se não houver uma política de preservação do Rio São Francisco, obviamente morrerá. Lamentável não ter ouvido dos técnicos da obra nenhuma preocupação por políticas de preservação do velho Chico.
Enfim, esperança, alegria e muitos outros questionamentos me acompanham após conhecer de perto o projeto da transposição do velho Chico.
Que o Pai de bondade, pela intercessão de São Francisco, abençoe a conclusão e a gestão desta magna obra, feita para promover, em primeiro lugar, a dignidade e a qualidade de vida do nosso povo nordestino.
( Texto de Padre Talvacy Chaves)