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Laços de humanidade

A humanidade padece de graves adoecimentos. Ao mesmo tempo, tem ao seu alcance o caminho que leva à cura: cultivar laços e fortalecer vínculos construídos a partir do amor, do gosto pela solidariedade. Distanciar-se desse caminho traz sérias consequências para as pessoas e prejuízos para a sociedade. A vida se torna menos saudável. Mesmo assim, observa-se gradativa desconsideração sobre a importância de se constituir laços. Na ilusão de que as riquezas garantem o domínio sobre tudo o que existe, ganha mais centralidade a busca pelo acúmulo de bens. O resultado é o desequilíbrio, que só traz perdas – inclusive, no campo econômico com o aumento de custos para o funcionamento da sociedade, o comprometimento das produções e o crescente desperdício. Por isso, é tão importante a valorização dos laços fraternos.
Reconhecer-se como parte de um grupo maior, cultivar o sentimento de pertença é o ponto de partida.  Desse modo, o olhar dirigido ao outro muda. As diferenças não mais são vistas como motivo de brigas e passam a ser consideradas riquezas. As mentiras deixam de ocupar o lugar da verdade. Corrige-se a conduta dos que buscam somente garantir vantagens pessoais ou para pequenos grupos, impondo sacrifícios a toda sociedade. Assim, cultivar laços é também fator importante no combate aos desequilíbrios que envergonham a sociedade. Nesse horizonte, a mensagem do Papa Francisco para o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais ilumina o entendimento de todos. O texto sublinha um trecho da Carta de São Paulo aos Efésios: “Somos membros uns dos outros”.
A metáfora do corpo e dos membros, apreciada por Paulo Apóstolo, guarda a lição fundamental que deve ser verdadeiramente aprendida pela humanidade. As muitas desarmonias que trazem sofrimento ao mundo têm raiz na perda do sentido de reciprocidade entre as pessoas. Quando se perde o encantamento em relação ao semelhante, o coração enrijece, adoece gravemente e junto adoece todo o corpo, ou seja, toda a sociedade. Assim, o alicerce para a vida saudável e uma sociedade com mais harmonia é o reconhecimento de todos como parte de um único corpo. Mas antes é preciso se despir da mentira e ter coragem para viver na verdade.
Preservar a verdade é exigência para relações autênticas, que fortaleçam a comunhão - explica o Papa Francisco -, pois a mentira é sinal do egoísmo, da recusa de se tornar “parte” do “corpo”, de ser servidor dos outros. Sem o compromisso com a verdade, perde-se o único caminho possível para reencontrar o sentido da própria existência. Por isso, quando se pensa nas muitas reformas necessárias e urgentes para toda a sociedade, deve-se privilegiar a solidariedade, buscar a comunhão, respeitar a alteridade. E para desempenhar bem essa tarefa, vale retomar importante referência humanística destacada pelo Papa Francisco: na medida em que um se reconhece membro do outro, no único corpo cuja cabeça é Cristo, cura-se do risco patológico de ver as outras pessoas como potenciais concorrentes, inimigos. Consegue-se superar o vício de enxergar no outro um inimigo.
É importante perceber as graves consequências que surgem a partir da competição desenfreada e do acirramento das polarizações. Em vez de relacionamentos marcados pela fraternidade, sustentados pelo amor que vem de Deus, prevalece a incompetência para administrar os próprios sentimentos. Um cenário que alimenta confusão, pois muitos acreditam, cegamente, serem donos do pensamento correto. Não percebem que estão distantes da verdade e do bem.
A humanidade precisa, a partir do exemplo de Cristo, cultivar um olhar de inclusão, de empatia, capaz de lidar de modo distinto com a alteridade. Essa é a direção indicada pelo amor que vem de Deus, fonte a ser buscada cotidianamente para a vida em comunhão.
 É preciso cultivar laços, recompor as relações a partir de qualificada competência humana e espiritual que leve a escolhas assertivas, transformadoras. Dessa maneira, torna-se forte o sentido de pertencimento - cada um se percebe como parte do “corpo” que é a humanidade. Exercita-se a capacidade de perdoar e de repartir, de ser justo e de ser bom, em todas as circunstâncias. A saída para este tempo de tantos e graves problemas é investir nos laços de humanidade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma (Itália). Membro da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé. Dom Walmor presidiu a Comissão para Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante os exercícios de 2003 a 2007 e de 2007 a 2011. Também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB - Minas Gerais e Espírito Santo. É o Ordinário para fiéis do Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de Ordinário do próprio rito. Autor de numerosos livros e artigos. Membro da Academia Mineira de Letras. Grão-chanceler da PUC-Minas.

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