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Diocese de Mossoró cria grupo "Eu me importo com você", formado por curados da Covid-19, para visitar pessoas doentes






"Estou curado da Covid-19 e preciso levar apoio espiritual, força e ânimo para quem enfrenta os sintomas dessa doença terrível". Após 22 dias enfrentando o coronavírus e com diagnóstico de cura, o Vigário-geral e pároco da Catedral de Santa Luzia, Padre Flávio Augusto Forte Melo, 51 anos, da Diocese de Mossoró, resolveu criar o grupo “Eu me importo com você” para realizar visitas às pessoas que estão isoladas e enfrentam a enfermidade.

 O grupo será formado por pessoas curadas, que com autorização e orientação de profissionais da saúde, irão levar apoio espiritual a quem recebeu o diagnóstico positivo de Covid-19. Segundo Padre Flávio, não será oferecida ajuda financeira ou algo parecido e sim suporte espiritual. O grupo já conta com oito participantes e quem se interessar deve procurar a Paróquia de Santa Luzia.

 O sacerdote acredita que, a partir da experiência e vitória de cada um do grupo frente ao coronavírus, essa ação pode ser um alento, bálsamo e esperança para quem está se sentindo sozinho em meio à tempestade da Covid-19.

 Padre Flávio relata que, no 14º dia da doença, após períodos seguidos de febres, calafrios, perda de olfato e uma forte dor de cabeça, foi experimentando uma melhora no seu quadro, que era acompanhado pelo infectologista Fabiano Rodrigues com apoio de outros profissionais, muitos seus paroquianos e amigos. Isolado na casa paroquial, no Centro de Mossoró e próximo à Catedral de Santa Luzia, o padre só recebia a visita dos profissionais de saúde e a refeição era deixada na parte externa da casa.



 O sacerdote relembrou que o isolamento e a solidão são “terríveis”. Com o corpo doente, não poder contar com alguém para auxiliar para tomar remédio, um copo de água ou uma simples xícara de chá é uma situação muito difícil. “Passei quatro dias com uma dor de cabeça insuportável e calafrios. Não conseguia nem rezar. Ânimo para nada”, comenta o padre emocionado e relembrando que a noite era um dos momentos mais difíceis no tratamento.

  “Como estava sozinho e essa doença é imprevisível, tinha muito medo de piorar e não ter condições de buscar ajuda. Apelei muito para Santa Luzia que me ajudasse a romper a noite. O medo batia na porta”. Padre Flávio lembra também que recebeu muita força do Bispo Diocesano Dom Mariano Manzana, do clero, dos seus paroquianos e muitos amigos com mensagens e orações. “Tudo isso é muito importante na convalescença, mas muita gente não tem esse apoio, não tem atendimento médico e tantos morrem na solidão de uma UTI”. 

 Ao sentir melhora gradativa dos sintomas e poder usufruir de pequenas coisas cotidianas como tomar um simples banho ou uma refeição por prazer, Padre Flávio foi entendendo que da experiência dolorosa da doença ficaram grandes lições: a importância do fortalecimento da fé para aguentar todo o sofrimento, o valor das pequenas coisas e se importar mais e mais com o outro, inclusive sendo o outro doente da Covid-19. “Por tudo o que vivi e agradecido pela cura preciso fazer algo pelos que estão na mesma situação que passei. Precisamos levar Deus, que é esperança, força e ânimo para essas pessoas”.

 Segundo ele, muitas pessoas já estão procurando fazer parte do grupo e realizar as visitas. Padre Flávio alerta também que quem não acreditam na pandemia ou desdenha das orientações dos profissionais de saúde precisa levar tudo muito a sério e seguir à risca as recomendações e seguir firme nas orações pela descoberta de uma vacina. Ele lembra que um versículo o acompanhou nesta travessia tão difícil: “E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu”.


Foto- Glauber Soares- Pascom da Paróquia de Santa Luzia